sexta-feira, 15 de julho de 2011

Recuperação e recaída 2

     Meu amigo J. está preso. Soube hoje da notícia, ao sair do supermercado. Ironicamente, conversava ontem com minha esposa sobre ele e disse que seria bom que ele fosse preso por vários motivos: 1º para dar um freio nessa onda de destruição que estava provocando nele e em sua família; 2º a fim de evitar que fosse morto e 3º e principal, para que caisse na real e veja pelo que ele trocou a sua vida.
     Nesses três dias, estava na universidade resolvendo um problema quando a irmã de meu amigo J. me ligou: ela e a mãe estavam em um shopping quando o viram. Ela e afastou para me avisar. Larguei tudo imediatamente e fui ao encontro deles. Mal entro no carro, ela me liga novamente, dizendo que ele fugira e deixara bem claro que não votaria a uma comunidade terapêutica para fazer tratamento. Aí o telefonema hoje: preso com 14 gramas de crack e uma certa quantidade de cocaína.
     Penando bem sobre o que aconteceu, meu amigo J. nunca fez o primeiro passo: admitir sua impotência. Ele, como muitos de nós, justificava seu uso em fatores externos: tudo mentira. Agora não tinha desculpas. Foi por isto que ele não atendeu meus telefonemas do dia que foi visto pela mãe e irmã até ser preso: porque era ficar frente a frente com a verdade de que foi usar porque quis e sabia das consequencias.
     Convesei com a irmã dele e ela está de acordo com uma idéia que passei: deixá-lo um pouco só. Se a família se mobilizar agora e tiá-lo da cadeia, ele vai voltar à mesma merda. É preciso que ele sinta a realidade bater sem estar anestesiado pela droga, que "caia a ficha" do que ele fez e trocou em sua vida. Agora, ele quer apenas sair da cadeia, não é o momento mais propício de ajudá-lo, pois, o que é ajuda para uns vai na verdade é prejudicá-lo. É preciso que ele entenda que precisa de ajuda para mudar de vida, que peça por esta ajuda e aí estaremos todos com ele.
     Não sei o que acontecerá agora, mas espero que ele entenda enfim "o fundo do poço". Como escutei de um padre, quando estamos no fundo do poço e tudo está escuro e nos sentimos só, basta olharmos para cima e veremos que Deus está lá para nos ajudar.

Um comentário:

  1. É Jorge, talvez para o momento essa seja a solução não é mesmo? O único medo é que ele saia de lá pior, ou seja, um dependente químico, não é bandido, é doente e cadeia não é o lugar para um doente, mas, se ele ainda não reconheceu a sua doença, não há nada que possa ser feito no momento, é rezar para que ele pense a respeito, enquanto estiver preso e que ele não se deixe influenciar pelas más companhias...

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