quinta-feira, 2 de junho de 2011

Apenas relembrando

      Toda sexta-feira tenho um encontro comigo mesmo que me fotalece e me faz bem. Explico: na sexta, pela tarde, faço uma ação voluntária na Fazenda da Paz, onde fiz meu tratamento. Vou ajudar, no escritório da instituição, na reunião de preparação de internação dos dependentes químicos. Isto me faz um bem por vários motivos, não apenas porque falo o que preciso ouvir como também me recordo que também cheguei ali naquela situação, desacreditado e destruído.
      Vejo que alguns estão lá por qualquer outra coisa, menos porque precisam se recuperar. Se eu disser aqui que a "minha ficha caiu" de imediato estarei mentindo. Demorou algum tempo. Na verdade, meu tratamento começou quando eu admiti que não dava mais. Isto se deu com aproximadamente dois meses. Não foi fácil a caminhada. Teve momentos que tive vontade de desistir e precisei de muito apoio nestes instantes para prosseguir. Sozinho, jamais conseguiria. Deus foi colocando as pessoas certas no meu caminho para que elas me mostrassem a esperança. Precisou que eu enxergasse o sofrimento que minha adicção provocou e provocava naquele momento em mim e na minha família para eu perceber que tinha que tomar uma atitude radical: ou afundar de vez ou dar um basta neste sofrimento. Optei pela segunda porque não aguentava mais sofrer. Cada qual tem seu "fundo de poço". Para alguns, morar na rua, roubar, matar, mendigar. Não cheguei a tanto, mas sei que este seria meu fim: manicômio, cadeia ou cemitério. Não há outra possibilidade. Acabei de vez com a ilusão de que é possível levar uma vida normal com drogas. O desejo de liberdade falou mais alto. Graças a Deus, vi que minha vida era / é valiosa demais para simplesmete terminar na lama. Senti que havia um propósito maior e me agarei nisto e na fé que Deus poderia me restaurar, bastava que eu me permitisse mudar de vida, que me permitisse ser feliz.
      

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