Hoje, na paróquia da Vila Operária (Teresina - PI), em sua novena, foram introduzidos momentos em que a Prefeitura e a Fazenda da Paz fizeram um trabalho de divulgação não apenas da Caminhada do dia 26 agora (dia mundial de combate às drogas) como de conscientização acerca da problemática das drogas.
Haviam me ligado antes para saber minha disponibilidade de dar um testemunho. Disse que sim e, hoje pela manhã, estava lá com meu filho.
Claro que muitos que estavam ali naquela igreja tinham parentes e/ou amigos com problemas relacionados às drogas. São pessoas marcadas pelo sofrimento e que buscam a fé de acreditarem que tempos melhores virão. Por isto, não fui para lá falar de dor, medo, incertezas, coisas que, com muita propriedade, eles conhecem bem. Fui falar de esperança, de fé, de amor, pois estes três elementos são capazes de resgatar e reconstruir qualquer vida que seja, por mais sofrível que se apresente. Fui para dizer que não desistissem de seus parentes pois dificilmente estaria ali se não tivesse alguém que acreditasse que eu poderia. No meu caso, muitas pessoas me ajudaram bastante e, acreditando que eu era capaz de superar esta fase, me fizeram acreditar em mim mesmo.
Ao final, quando saia, uma mãe, discretamente, me chamou para conversar. Disse-me de seu filho que há muito estava imerso no crack e que ela não sabia mais o que fazer; que o pai não falava com ele e queria batê-lo; que as tias o chamavam de ladrão para lá; que ela era a única pessoa que ainda acreditava que ele poderia sair das drogas. Disse-lhe para que continuasse com sua fé, que não perdesse a esperança; falei-lhe do meu caso, que só fui me internar porque não tinha onde ficar e que não queria ficar na rua; falei-lhe do amor, que é um dos sentimentos mais sublimes e que seria com esse amor de mãe que ela poderia iniciar todo o processo de resgate de seu filho, mas deixei claro que qualquer tratamento partiria dele; disse-lhe para que não perdesse a fé.
A expressão desta mãe vai ficar por muito tempo em minha cabeça. É uma mulher marcada pelo sofrimento e que talvez precisasse desabafar sua dor para alguém e escutar uma esperança qualquer, alguma coisa que lhe dissesse "continue, não desista de seu filho". Pedi a Deus que a ajudasse e saí me lembrando do sofrimento que causei em minha mãe, pois a vi no rosto sofrido e abatido daquela senhora que, embora todos tivesses desistido de lutar, ela estava ali, desafiando o poder destrutivo das drogas com seu amor.
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